terça-feira, 30 de março de 2010

É pra isso que você paga impostos

Recebi esse vídeo por e-mail. A reportagem é do ano passado, se não me engano.
Não preciso escrever muito, o vídeo fala por si só:



domingo, 28 de março de 2010

#horadoplanetafail

No último sábado (27 de março de 2010) aconteceu – ou pelo menos era pra acontecer – a hora do planeta. A idéia da WWF começou em 2007 em Sidney e chegou até o Brasil em 2009.
A idéia é muito simples: “as luzes serão apagadas por uma hora, para mostrar aos líderes mundiais nossa preocupação com o aquecimento global”, dizia o site da “Hora do Planeta” Brasil.
Conheci o movimento no dia que ocorreu e logo percebi do que se tratava e no que resultaria.
Algumas pessoas espalhadas pelo país aderiram à campanha. Jovens que tomam banho de 40 minutos, jogam lixo na rua e não separam o lixo doméstico viraram ambientalistas e ficaram indignados com quem não participou do evento.
A primeira crítica de quem não aderiu à campanha foi óbvia: é só durante uma hora que deve se pensar no planeta?
E aí eu pergunto, quantos desses falsos ambientalistas conhecem realmente o trabalho de uma ONG ambientalista? Quantos realmente fazem alguma coisa para mudar o mundo? Quantos, pelo menos, tomam banhos curtos, separam o lixo, e preferem os transportes coletivos aos carros?
Foi só surgir um evento - patrocinado por empresas como Coca-Cola, HSBC, Tim e Walmart – incentivado pela mídia que várias pessoas - que nunca tomaram atitude nenhuma para mudar a situação ambiental caótica do mundo – passaram a acreditar cegamente que um apagar de luz de 60 minutos faria diferença.
Infelizmente chegamos a um ponto em que consciência ambiental é apagar a luz durante uma hora.
O mundo não precisa de você por uma hora, o mundo precisa de você o tempo inteiro, e você pode fazer muito mais do que apagar as luzes.


sexta-feira, 26 de março de 2010

O porquê de não ter orkut


Sempre quando digo que não tenho orkut, as pessoas querem saber o motivo. Algumas ficam contentes com um simples “eu não gosto”, outras querem saber por que eu não gosto.
Há uns 5 anos atrás eu fazia meu orkut. Era uma época que estava se falando muito sobre o site, mas era necessário receber o convite para fazer o cadastro. Receber o convite fazia você se sentir descolado e deixar de ser da turma dos manés que não tinha orkut.
Com o tempo quase todo mundo tinha orkut e só quem era muito mané não recebia o convite. Mas, pra alegria geral dos excluídos, os responsáveis pelo site – se eu não me engano nessa época a Google adquiriu os direitos dele – decidiram que não precisava mais de convite para se cadastrar. “Que alegria, somos todos iguais perante a internet!” gritaram os que esperaram tanto tempo pra criarem seu perfil.
Como todo mundo podia ter orkut, foi necessário criar uma nova forma de parecer descolado e tentar não parecer mané. Estava começando a guerra pela popularidade. Para ganhar essa guerra era necessário ter vários “amigos” e atacá-los com recados inúteis. A partir daí começou meu desgosto pela brincadeira.
Sabe aquela pessoa que estuda na sua sala, mas, nunca fala com você? Ou aquele que tava na festa do João no sábado? Pois é, elas resolvem te adicionar só para aumentar o número de “amigos” que tem no site. Como se não bastasse mandam recados do tipo: “passei só pra desejar um bom fim de semana” na esperança de receber uma resposta e se sentirem queridas.
Ser popular no orkut é uma forma de se sentir bem, de acreditar que não é um mané. Mesmo que você seja muito mané e tenha pouquíssimos amigos de verdade adicionados.
Quando chegam seus aniversários, orkuteiros ficam felizes, pois acham que várias pessoas se lembraram. Que ilusão. Não, ninguém lembrou. Foi o orkut que fez com que todos lhe desejassem parabéns. Lembro-me que um conhecido fazia três aniversários por ano no orkut, só pra receber mais recados. Minha irmã uma vez colocou a data errada para saber quem se lembraria qual era a data verdadeira. Experimente não colocar a data do seu aniversário no orkut e descubra quantas pessoas vão se lembrar de verdade (não que amizade seja sinônimo de lembrar datas, mas, isso é outro assunto).
O orkut tinha tudo para ser uma ferramenta maravilhosa. Nas comunidades, por exemplo, abriram-se espaços para debates e informações sobre qualquer assunto que interessar, mas, são poucos os que utilizam desse espaço. O orkut foi usado de uma forma horrível, uma forma que reflete as atitudes no mundo real, mesmo que os usuários tentem mascarar essas atitudes no site.
E pra quem diz que o orkut é uma forma de manter contato com os amigos, eu respondo: meus amigos têm meu MSN, meu telefone e meu endereço, se realmente quiserem, eles me encontram.


segunda-feira, 22 de março de 2010

Estréia do Risorama 2010

Risorama é considerado o maior festival de comédia do país. O festival acontece em Curitiba e neste ano serão 6 dias de espetáculo. Praticamente todos os ingressos foram vendidos antecipadamente (só há ingressos para um dia, e ainda é uma sessão extra).
Infelizmente não é seguida à risca a programação do espetáculo por causa da disponibilidade dos humoristas. No primeiro dia de espetáculo Leandro Hassum não esteve presente. Por outro lado Marcelo Mansfield e Murilo Couto – que estão na programação de segunda – acabaram aparecendo na estréia - que ocorreu no domingo de 21 de março.
A escalação final do domingo acabou ficando assim: Nany People, Diogo Portugal, Marcelo Mansfield, Murilo Couto, Fábio Silvestre, Marcos Veras e Rafinha Bastos. Foram aproximadamente 2 horas de espetáculo com 9 apresentações, ou seja, as apresentações foram curtíssimas.


Entrando no estacionamento do ParkShoppingBarigüi logo vi a entrada do ParkCultural toda iluminada e com uma decoração bem bacana, o que me trouxe a sensação que seria um puta espetáculo.
Muito melhor que a iluminação do local eram as mulheres que estavam ali. Algumas entregando panfletos, outras para ver o espetáculo. Passavam-me a impressão de serem todas dançarinas do Programa do Faustão. A beleza sulista que tanto se fala estava ali, num espaço de eventos, nos fundos de um shopping.
O lugar onde aconteceram as apresentações estava cheio de mesinhas de plástico, dando um clima de barzinho. Um barzinho lotado com 1000 pessoas, um palco imenso e dois telões.
Agora que você já pode imaginar como era o local, que tal saber como foram as apresentações?

Nany People:
Ela é a Mestre de Cerimônias e é a única que estará presente nos 6 dias do festival – pelo menos segundo a programação. Engraçada até certo ponto, mostra que seu papel - pelo menos no meu ponto de vista – é animar o público, trazer a galera pro lado dos comediantes que se apresentarão depois dela, e isso ela fez muito bem.

Diogo Portugal:
Sinceramente, era o cara que eu mais queria ver na noite. Há uns 5 anos atrás, quando comecei a ouvir falar de Stand-up, foi ouvindo falar desse cara. Sempre vinha alguém e perguntava: “Cara, você conhece Diogo Portugal?”.
Pra mim é impossível não associar Stand-up no Brasil a ele – não que eu seja um extremo conhecedor da comédia em pé. Além de tudo ele é o organizador do festival. Sentia até vergonha de ser curitibano e não ter visto uma apresentação dele ao vivo. E ele não deixou a desejar, arrancou risadas diversas vezes do público e soube falar sobre diversos assuntos diferentes - o que deve ser muito mais difícil -, deixando a apresentação muito mais interessante. A apresentação dele só me provou o quanto ele é incrível.

Marcelo Mansfield:
Ele venho com uma fraca esquete do personagem “Seu Merda” – já tinha visto esse personagem no Youtube. Não conseguiu arrancar muitas risadas da galera. Sorte que a esquete acabou rápido e que ele voltou depois pra acabar com a má impressão.

Murilo Couto:
Tinha tudo para que eu só rasgasse elogios dele aqui. Abordou um assunto muito legal sobre relações entre homem e mulher e da complexidade do sexo feminino, foi genial quando falava que “homem namora pra ter transa fixa, mulher namora pra ter briga fixa”. Mas, a partir de um determinado momento eu já sabia todas as piadas que ele ia contar, pois tinha visto um vídeo dele no Trocistas. A partir daí, não me senti no teatro ou vendo um show, me senti revendo um vídeo no Youtube. Uma pena.

Nany People:
A Drag queen volta, não em cima do palco, mas no meio do público. Conversa com várias pessoas e dá em cima de vários homens de um jeito bem humorado. O público reagiu muito bem e parecia até à vontade com ela. Nany fez com que o público se sentisse parte do espetáculo, mas foi extremamente repetitiva nas piadas.

Fábio Silvestre:
Interpretava um bêbado. Arrancou risos e fez todos vibrarem só com a demora de sua chegada ao microfone. Afinal, estava cambaleando e atravessar o palco foi uma tarefa dificílima. Quando chega no microfone diz: “Oh... Eu nun cunheço voceis, mas considero voceis pagaraio... E num é puquê to bêbado”. Demais! Fábio foi simples, mas, foi incrível. Cada coisa que falava fazia lembrar daquele amigo ou tio que sempre tá bêbado nas festas. Mostrou que sempre temos uma história de bêbado pra contar. Fazer o simples pode ser muito difícil e Fábio fez muito bem.

Marcos Veras:
Falava sobre dicção e narração. Foi um gênio em cima do palco. Falou sobre a diferença das companhias aéreas e imitou pilotos de todas. Imitou o Pedro Bial. Imitou candidatos de reality shows musicais. Imitou diversos cantores como Daniel, João Bosco, Caetano Veloso, Ed Motta. Foi embora imitando os rappers americanos. Foi o melhor da noite, daqueles que você ri do começo ao fim. Pena não ter sido ele que encerrou o espetáculo

Marcelo Mansfield:
Voltou sendo ele mesmo e com a saia justa de vir após o Marcos Veras. Logo de cara mandou uma das piadas dele que eu já conhecia - pelo Youtube. Fiquei com medo de mais repetição e menos risadas. Mas, depois se saiu bem. Fez piadas muito boas e que eu ouvia pela primeira vez. Acabou se recuperando da má apresentação do “Seu Merda”.

Rafinha Bastos:
Aplausos, gritos e assovios. Estava no palco o cara que aparece na TV, mais do que isso: o cara do CQC! Rafinha era a atração principal da noite. Era ele que todos queriam ver.
Assim como Diogo Portugal, ele soube “passear” por diversos assuntos, deixando o espetáculo mais interessante para o público. Ele se mostrou não só comediante, mas muito crítico. Quando falou de pedofilia, fé, política; quando falou pra platéia que o que eles fizeram foi um “aplauso preconceituoso”, foi astuto. Rafinha foi o humorista com mais coragem dentre os que se apresentaram, sabendo fazer rir na hora certa. Se não foi uma apresentação que fez rir do início ao fim, sem sombra de dúvida foi a mais inteligente da noite.

Todos sobem ao palco, agradecem aos patrocinadores e se despedem. Lá fora mais 1000 pessoas esperam pela próxima sessão.


sexta-feira, 19 de março de 2010

O Sentimento Liberdade

Eu não acredito em verdades únicas. Sempre tentei achar as respostas certas para mim e acreditar que os outros tem todo o direto de discordar. Questionando e discordando do que me dizem, sempre tento achar o melhor sentido das coisas para mim, e não para o senso comum; passei a criar teorias e até novas definições para as palavras já existentes.
Peguei-me pensando na definição da palavra liberdade. Há algum tempo atrás um amigo meu escreveu esse texto dizendo que ninguém – ou quase ninguém - consegue ser livre nos dias de hoje.
Segundo meu dicionário liberdade é:
Condição de uma pessoa poder dispor de si; faculdade de fazer ou deixar de fazer uma coisa; livre-arbítrio; faculdade de praticar tudo aquilo que não é proibido por lei; o uso dos direitos do homem livre.
A partir dessa definição obtida no Aurélio, eu concordaria com o texto linkado acima; ninguém nunca faz tudo o que quer. Mas, não. Eu sou um cara chato suficiente, a ponto de não aceitar o que está escrito no dicionário.
Para mim liberdade também pode ser um sentimento, quando você esquece de todos os problemas e se sente bem. Pode ser no show daquela banda que você tanto gosta, na pelada do fim de semana, na noite de amor com a pessoa desejada; pode ser quando você vê sorriso do seu filho ou quando faz uma caminhada à beira-mar.
Quando você faz o que você gosta e esquece dos problemas, você se sente livre.
Acredito que nunca ninguém será livre no sentido que o dicionário traz, mas, quanto mais vezes você sentir liberdade, mais perto estará de ser livre.


sexta-feira, 12 de março de 2010

Suicída Moderno


O Rapaz olhou para os antidepressivos e a garrafa de whisky pela metade. Ele tinha 27 anos – o rapaz, não o whisky. Na sua vida tudo estava do jeito que ele não queria. Havia brigado com a namorada dois dias atrás, na quinta. Ainda tinha marcas das garrafas quebradas nas suas costas. Mas, a garota levou a pior, devia estar com o olho roxo e com o lábio cicatrizando.
Ele buscou uma lâmina de barbear e colocou na mesa.
Olhou para os antidepressivos e a garrafa de whisky, olhou para lâmina de barbear.
Havia brigado com seus pais no começo da semana. Tudo porque encontraram um pacotinho com maconha escondido no seu quarto. Imagine se os velhos soubessem que ele andava cheirando.
Lembrou-se que seu pai escondia uma arma em cima do guarda-roupa.
Olhou para os antidepressivos e a garrafa de whisky, olhou para a lâmina de barbear e pensou na arma.
Lembrou que no meio da discussão com seus pais, eles falaram sobre sua infeliz carreira profissional. Seu pai sempre quis que ele seguisse a mesma carreira do velho. Mas, o rapaz quis ser ator; não de novela ou cinema, mas de teatro! Sua mãe jogou na cara dele que aquele curso de teatro - que eles tinham pagado - tinha sido em vão. Antes, ele tivesse feito a faculdade de direito, “hoje você poderia ter uma profissão de verdade” foi o que ela disse.
Ele estava sozinho no apartamento, seus pais tinha ido a uma festa chata da elite da cidade. Buscou uma corda e colocou na mesa.
Olhou para os antidepressivos e a garrafa de whisky, olhou para a lâmina de barbear, pensou no revólver e olhou para a corda.
O suicídio já não era mais dúvida. A dúvida era a forma que iria acontecer. Achou que deveria chamar a atenção e o enforcamento parecia perfeito. Pensou em escrever uma carta de despedida ou um poema falando o quanto esse mundo é podre. Queria que seu suicídio aparecesse nos jornais. Ele era um artista, queria pelo menos uma vez a atenção voltada para ele.
O rapaz se matou e o sonho de ser capa de jornal não se realizou. Seus pais gastaram o suficiente para esconder a notícia e não manchar o nome da família.
Ele acabou escolhendo pela corda mesmo.
Ao Invés de carta ou poema de despedida, postou no Twitter: “Queria que me entendessem”.
Sua história nunca saiu em nenhuma capa de jornal ou revista. Saiu apenas num blogzinho que ninguém lê.


sexta-feira, 5 de março de 2010

Discurso

Hoje eu vou dizer ao mundo que a vida é bela. Vou dizer “bom dia” para velhinha do ponto de ônibus, pro cobrador e pro motorista. Hoje vou ser educado com todas as pessoas que conversar.
Quando meu colega de trabalho reclamar do nosso chefe, vou falar que ele devia agradecer por ter um emprego, afinal, tem um monte de gente querendo trabalhar.
Vou dizer pros meus amigos desempregados não desanimarem; vou dizer que “logo, logo” eles arranjarão um emprego, que é só uma questão de tempo e tudo vai melhorar.
Vou dizer pra minha amiga, que levou um pé na bunda, não chorar, que aquele cara não a merecia, que homem tem um monte por aí e ela vai arranjar alguém que goste dela de verdade.
Vou dizer a todos para valorizem suas famílias, seus amigos e todos aqueles que os cercam, afinal, eles fazem nossa vida melhor.
Vou falar por aí que só o fato de estar vivo já é um motivo para estar feliz, que felicidade é sabermos que temos um teto e comida na mesa, afinal, a vida é bela!
Mas, quando eu deitar a cabeça no travesseiro... Ah, quando eu deitar a cabeça no travesseiro... Aí sim, eu vou pensar o quanto eu odeio essa vida.