segunda-feira, 22 de março de 2010

Estréia do Risorama 2010

Risorama é considerado o maior festival de comédia do país. O festival acontece em Curitiba e neste ano serão 6 dias de espetáculo. Praticamente todos os ingressos foram vendidos antecipadamente (só há ingressos para um dia, e ainda é uma sessão extra).
Infelizmente não é seguida à risca a programação do espetáculo por causa da disponibilidade dos humoristas. No primeiro dia de espetáculo Leandro Hassum não esteve presente. Por outro lado Marcelo Mansfield e Murilo Couto – que estão na programação de segunda – acabaram aparecendo na estréia - que ocorreu no domingo de 21 de março.
A escalação final do domingo acabou ficando assim: Nany People, Diogo Portugal, Marcelo Mansfield, Murilo Couto, Fábio Silvestre, Marcos Veras e Rafinha Bastos. Foram aproximadamente 2 horas de espetáculo com 9 apresentações, ou seja, as apresentações foram curtíssimas.


Entrando no estacionamento do ParkShoppingBarigüi logo vi a entrada do ParkCultural toda iluminada e com uma decoração bem bacana, o que me trouxe a sensação que seria um puta espetáculo.
Muito melhor que a iluminação do local eram as mulheres que estavam ali. Algumas entregando panfletos, outras para ver o espetáculo. Passavam-me a impressão de serem todas dançarinas do Programa do Faustão. A beleza sulista que tanto se fala estava ali, num espaço de eventos, nos fundos de um shopping.
O lugar onde aconteceram as apresentações estava cheio de mesinhas de plástico, dando um clima de barzinho. Um barzinho lotado com 1000 pessoas, um palco imenso e dois telões.
Agora que você já pode imaginar como era o local, que tal saber como foram as apresentações?

Nany People:
Ela é a Mestre de Cerimônias e é a única que estará presente nos 6 dias do festival – pelo menos segundo a programação. Engraçada até certo ponto, mostra que seu papel - pelo menos no meu ponto de vista – é animar o público, trazer a galera pro lado dos comediantes que se apresentarão depois dela, e isso ela fez muito bem.

Diogo Portugal:
Sinceramente, era o cara que eu mais queria ver na noite. Há uns 5 anos atrás, quando comecei a ouvir falar de Stand-up, foi ouvindo falar desse cara. Sempre vinha alguém e perguntava: “Cara, você conhece Diogo Portugal?”.
Pra mim é impossível não associar Stand-up no Brasil a ele – não que eu seja um extremo conhecedor da comédia em pé. Além de tudo ele é o organizador do festival. Sentia até vergonha de ser curitibano e não ter visto uma apresentação dele ao vivo. E ele não deixou a desejar, arrancou risadas diversas vezes do público e soube falar sobre diversos assuntos diferentes - o que deve ser muito mais difícil -, deixando a apresentação muito mais interessante. A apresentação dele só me provou o quanto ele é incrível.

Marcelo Mansfield:
Ele venho com uma fraca esquete do personagem “Seu Merda” – já tinha visto esse personagem no Youtube. Não conseguiu arrancar muitas risadas da galera. Sorte que a esquete acabou rápido e que ele voltou depois pra acabar com a má impressão.

Murilo Couto:
Tinha tudo para que eu só rasgasse elogios dele aqui. Abordou um assunto muito legal sobre relações entre homem e mulher e da complexidade do sexo feminino, foi genial quando falava que “homem namora pra ter transa fixa, mulher namora pra ter briga fixa”. Mas, a partir de um determinado momento eu já sabia todas as piadas que ele ia contar, pois tinha visto um vídeo dele no Trocistas. A partir daí, não me senti no teatro ou vendo um show, me senti revendo um vídeo no Youtube. Uma pena.

Nany People:
A Drag queen volta, não em cima do palco, mas no meio do público. Conversa com várias pessoas e dá em cima de vários homens de um jeito bem humorado. O público reagiu muito bem e parecia até à vontade com ela. Nany fez com que o público se sentisse parte do espetáculo, mas foi extremamente repetitiva nas piadas.

Fábio Silvestre:
Interpretava um bêbado. Arrancou risos e fez todos vibrarem só com a demora de sua chegada ao microfone. Afinal, estava cambaleando e atravessar o palco foi uma tarefa dificílima. Quando chega no microfone diz: “Oh... Eu nun cunheço voceis, mas considero voceis pagaraio... E num é puquê to bêbado”. Demais! Fábio foi simples, mas, foi incrível. Cada coisa que falava fazia lembrar daquele amigo ou tio que sempre tá bêbado nas festas. Mostrou que sempre temos uma história de bêbado pra contar. Fazer o simples pode ser muito difícil e Fábio fez muito bem.

Marcos Veras:
Falava sobre dicção e narração. Foi um gênio em cima do palco. Falou sobre a diferença das companhias aéreas e imitou pilotos de todas. Imitou o Pedro Bial. Imitou candidatos de reality shows musicais. Imitou diversos cantores como Daniel, João Bosco, Caetano Veloso, Ed Motta. Foi embora imitando os rappers americanos. Foi o melhor da noite, daqueles que você ri do começo ao fim. Pena não ter sido ele que encerrou o espetáculo

Marcelo Mansfield:
Voltou sendo ele mesmo e com a saia justa de vir após o Marcos Veras. Logo de cara mandou uma das piadas dele que eu já conhecia - pelo Youtube. Fiquei com medo de mais repetição e menos risadas. Mas, depois se saiu bem. Fez piadas muito boas e que eu ouvia pela primeira vez. Acabou se recuperando da má apresentação do “Seu Merda”.

Rafinha Bastos:
Aplausos, gritos e assovios. Estava no palco o cara que aparece na TV, mais do que isso: o cara do CQC! Rafinha era a atração principal da noite. Era ele que todos queriam ver.
Assim como Diogo Portugal, ele soube “passear” por diversos assuntos, deixando o espetáculo mais interessante para o público. Ele se mostrou não só comediante, mas muito crítico. Quando falou de pedofilia, fé, política; quando falou pra platéia que o que eles fizeram foi um “aplauso preconceituoso”, foi astuto. Rafinha foi o humorista com mais coragem dentre os que se apresentaram, sabendo fazer rir na hora certa. Se não foi uma apresentação que fez rir do início ao fim, sem sombra de dúvida foi a mais inteligente da noite.

Todos sobem ao palco, agradecem aos patrocinadores e se despedem. Lá fora mais 1000 pessoas esperam pela próxima sessão.