sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pare de inventar desculpas para não ler


Não é novidade que brasileiro lê pouco. Mas será que existe alguma perspectiva de que isso possa mudar? Se com esse texto o Brasil ganhar pelo menos um leitor, valerá a pena tê-lo escrito.
Esse texto será divido em duas partes: a primeira discutindo o quê está sendo feito para mudar os hábitos do brasileiro, e a segunda escrita especialmente para você.


Parte I – O hábito de leitura do brasileiro está mudando?

Uma pesquisa realizada pelo instituto Pró-Livro em 2007, e divulgada no site do jornal Gazeta do Povo em novembro de 2009, aponta que brasileiros leem em média 1,3 livros por ano. Por outro lado, o mesmo site publicou no último 31 de janeiro que o faturamento médio das livrarias brasileiras cresceu 9,7%. Podemos criar esperança de que mais brasileiros criem o hábito de ler?

Segundo a reportagem publicada recentemente, e citada acima, o crescimento das receitas nas livrarias brasileiras foi impulsionada pela venda dos chamados Best-sellers juvenis, como Harry Potter e a saga Crepúsculo. Confesso nunca ter lido nenhum livro dessas séries - o tema que eles apresentam definitivamente não é de meu interesse -, por tanto não posso dizer nada quanto a qualidade dos livros. Li algumas críticas negativas referente à saga Crepúsculo, mas, acho muito bacana a conquista de novos leitores. Afinal de contas, difícil é fazer com que alguém leia o primeiro livro. A partir daí, leitores dos vampiros bonzinhos podem conhecer todo um universo de incríveis romances (e, para os leigos, romance não se trata – necessariamente – de uma história de amor!).
Quem também tenta contribuir para mudar os baixos índices de leitura no Brasil é o governo federal, com a criação do vale-cultura (que eu não sei se já está funcionando. Se alguém tiver essa informação, por favor, me avise). Muitas pessoas podem pensar que essa “bolsa” dada pelo governo ajudará a impulsionar ainda mais o mercado livreiro, e aumentar o número de leitores no país, mas, não é bem assim. Pra começar, o cidadão brasileiro já devia ter acesso à cultura só com o salário que ganha, sem precisar de “vales”. È claro que poucos brasileiros gastariam em outras formas de cultura quando tem a opção de ficar em casa assistindo Zorra Total, se o dinheiro sobrasse seria guardado para comprar uma TV maior e não para assistir uma peça teatral, por exemplo. Como o assunto aqui não é teatro nem Zorra Total voltemos ao foco.
Um dos principais argumentos que o povo brasileiro usa para não ler é a falta de dinheiro para comprar livros, com o vale-cultura essa desculpa deixa de existir. Porém, os R$ 50,00 do vale cultura podem ser usados para cinema, teatros, shows, exposições, livros, CDs, DVDs entre outros. Você acha que a maioria da população vai usar esse vale para comprar um bom livro ou comprar DVDs e ir ao show daquela duplinha ou bandinha que está na moda? A resposta é fácil. Por tanto, não adianta somente dar o dinheiro para cultura, é necessário incentivar uma cultura que agregue valores e conhecimento na vida das pessoas. O vale-cultura só será positivo para uma pequena parcela da população que saberá aproveitá-lo.
Se o Brasil caminha para aumentar seu de número de leitores, os passos dados são lentos. A criação do vale-cultura pode até ser um passo, mas, ainda tem toda uma estrada pela frente para ser percorrida. É necessário falar mais de livros e dar mais espaço para autores em todos os meios de comunicação. A maioria da população ainda não vê que ler é uma forma de entretenimento tão boa – e, na minha opinião, melhor – que a TV ou a internet.


Parte II – Você não tem mais desculpas para não ler

Um dos principais motivos para as pessoas se tornarem não-leitores são os “traumas literários” (se não existia esse termo, acabei de criar). Não achei pesquisa que prove isso, mas, conversando com algumas pessoas percebemos o motivo delas não lerem.
Sabe quando você é obrigado a ler “Senhora” ou “Menino do Engenho” no colégio e acha tudo muito chato? Um primeiro contato negativo com a leitura faz as pessoas acreditarem que ler é ruim. Mas, na verdade, os livros foram colocados em momentos errados na sua vida. A partir daí, não importa o livro que coloquem na frente da pessoa, ela sempre terá aquela impressão de que ler é chato. O mesmo pode acontecer com alguém que é obrigado a ler livros na faculdade, por exemplo. Aliás, dificilmente uma leitura feita por obrigação será agradável. Eu costumo comparar leitura e música para as pessoas entenderem melhor, veja o exemplo:

Imagine você nos seus tempos de colégio. Sua professora – querendo lhe introduzir ao mundo da música – vai aplicar uma prova que vale metade da nota do semestre, prova essa que vai ser toda baseada num CD do É O Tchan (calma fãs do Cumpádi Washington, é só um exemplo). Você odiou aquele som – apesar de ter babado nas dançarinas de shortinho -, mas, com muito sacrifício, ouviu todo aquele CD pra poder passar de ano. Desde então, você não teve mais contato nenhum com qualquer outro estilo musical. Hoje você diria que não gosta de música? É claro que não! Você pode não ter gostado do É o Tchan, não ter gostado de axé, mas, existem vários outros estilos musicais pra você conhecer e curtir. Com o livro é a mesma coisa. Se você tem algum trauma literário, lhe convido a dar chance a outros estilos de livro que você ainda não conhece. Você pode conhecer um mundo do qual não vai mais querer sair.
Outra grande reclamação que sempre ouvimos é referente ao preço dos livros. Realmente títulos novos não têm um preço muito acessível. Mas, você já parou para entrar num Sebo? Existem vários livros usados e seminovos que saem por um bom preço. Uma boa dica pra achar livros baratos sem sair de casa é o site Estante Virtual. O site tem cadastro de Sebos de todo o Brasil! E você pode buscar livros de uma maneira muito fácil. Segundo o próprio site, eles têm 2.778.228 livros de até doze reais e 648.895 livros de até cinco reais! É claro que com o frete acaba saindo um pouquinho mais caro. Mas, se você achar o livro que quer na sua cidade, você mesmo pode ir até o sebo indicado no site e comprar, sem pagar o frete. Eu já usei várias vezes o site, pagando uma média de dez reais por livro, recomendo!
Agora, se você conseguiu chegar até o final desse post, mãos à obra! Procure títulos, leia resenhas e o mais importante: procure algo que você goste! Não importa se o livro está na moda ou é líder de vendas, o que importa é se o livro é bom ou não para você. O que você está esperando para começar a ler um livro?


Fontes:
Brasileiro lê um livro por ano, revela pesquisa
Livrarias crescem 10% com ajuda dos best-sellers juvenis
O que prevê o projeto de de lei do vale-cultura