quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ansiedade

Caio mal conseguiu dormir na noite anterior, estava ansioso, aflito, nervoso, muito mais que isso, tinha mil sentimentos num único segundo. No domingo de manhã ficou um tempo, acordado, na cama rolando de um lado pro outro, imaginando como seria seu dia. Levantou-se e fez o pouco de barba que tinha, cortou as unhas, tomou um banho quente e relaxou um pouco. Após o banho, no seu quarto, abriu o guarda-roupa, o que vestiria?
Naquele dia, Caio não colocou aquela camiseta que tanto gostava, aquela que dizia: “Professor de sexo – primeira aula grátis”, nem aquele tênis velho imundo que quase não saía do seu pé. Colocou uma camisa que tinha comprado para ir numa festa que exigia um traje mais fino. Como da outra vez que usou a camisa, estranhou aquilo no seu corpo, afinal, estava acostumado só a usar camisetas folgadas, que o deixavam mais a vontade. Também não usou um bermudão e sim uma calça jeans limpa. No pé, um par de sapatênis impecavelmente limpos. Viu-se no espelho e se achou bonito - ele já havia reparado que precisava se vestir com roupas melhores e que andava muito desleixado, Aquele foi um bom dia para começar. Saiu do quarto e viu sua mãe.
Dona Maria elogiou a elegância do filho, e quando esse estava saindo lhe desejou sorte. No caminho para o ponto de ônibus, Caio encontrou Punheta - um amigo que ele conhecia desde quando eram crianças e que recebeu esse apelido quando entrou na puberdade. O amigo tirou maior sarro do visual sério de Caio, que lhe contou onde estava indo, Punheta, então, lhe desejou sorte.
Espera o ônibus, chega o ônibus, sobe, cumprimenta o motorista e o cobrador, dá um real ao cobrador, esse libera a catraca, passa a catraca, enquanto caminha para o fundo – sempre o fundo - já procura um lugar. Senta-se no primeiro assento à direita da última fileira do ônibus. Caio olhava as ruas que passavam pela janela, mas, seu pensamento não estava ali, e sim como se sairia, como seria aquele dia. O ônibus para no terminal e Caio desce.
Enquanto esperava o segundo ônibus que teria que pegar, seu celular tocou. Do outro lado da linha lhe perguntaram onde ele estava, Caio disse onde estava e que logo chegaria. Será que estava atrasado? Será que estavam bravos pelo seu atraso? Caio não tinha as respostas para essas perguntas.
Entra no biarticulado, desce no primeiro ponto depois do terminal, anda duas quadras, chegou. Toca o interfone, abriram o portão, entra no prédio, pega o elevador, quarto andar, onde está o 412? Ah... Está ali... Toca a campainha.
Caio não sabe o porquê, mas esperou que a campainha fizesse “din don”, mas ela fez um “PÉÉM” alto que lhe deu um leve susto, segundos depois a porta se abre e ele vê Letícia. Ele nem repara toda a produção e beleza da garota, estava nervoso demais pra isso. Encosta seus lábios no dela e logo recua, algo muito diferente dos longos e molhados beijos que eles costumavam dar. Ela diz: “entre”, e é o que ele faz. Ele passa rapidamente o olhar pela sala até que vê um casal sentado no sofá, o casal o cumprimenta, e ele diz nervoso: “O-oi”. Ele finalmente está na frente dos seus sogros.